– Paul Iarocci
Darwin é uma cidade localizada no extremo norte da Austrália, impecavelmente limpa, moderna e calorosa. A 80 km em direção alto mar, onde o mar de Arafura se une com o mar do Timor, há algumas ilhas separadas por um estreito canal bem sinuoso: o estreito de Aspley. Estas ilhas são ocupadas pelo povo Tiwi há mais de 60.000 anos e foram separadas da terra firme no final da era do gelo, aproximadamente há 12.000 anos.
Juntas, as duas ilhas, Melville e Bathurst, têm uma área de 8.320 km².
A pista de aterrissagem. Há inúmeros desafios associados às remotas operações de exploração madeireira.
Hoje em dia, cerca de 30.000 hectares– – o equivalente a cinco por cento da ilha de Melville –– estão plantados com acácias e pinheiros. As primeiras plantações na ilha foram desenvolvidas em 1960 pelo governo do Território Norte na Snake Bay. Quando o governo abandonou seu projeto florestal em 1986, 3900 hectares de pinheiros tinham sido plantados, junto com as acácias do teste inicial. Em 1999, a Sylvatech Limited (conhecida anteriormente como Australian Plantation Group) e a Câmara Territorial de Tiwi receberam permissão para plantar 26.000 hectares de madeira de lei.
Longa história florestal
No entanto, a história florestal da ilha começa no final do século XIX, antes de todos estes acontecimentos. A primeira serraria construída na ilha Melville produziu madeira de pinho cipreste, que foi utilizada para reconstruir a cidade de Darwin depois de um ciclone devastador em 1897, e o setor da serraria se manteve na ilha até o início dos anos 70 (é interessante observar que Darwin foi reconstruída mais duas vezes:– uma depois da Segunda Guerra Mundial, como resultado dos ataques aéreos japoneses, e outra após o ciclone Tracey, em 1974. Por esta razão a cidade apresenta um ar moderno).
Uma muralha de acácias.
Em 2005, Sylvatech Limited foi comprada pela Great Southern Group, que se declarou insolvente em 2009, junto de muitos outros esquemas de gestão de investimentos na Austrália durante aquela época. Tanto os gestores de recepção quanto os administradores da Great Southern recusaram o arrendamento na ilhas Tiwi e seu povo logo chegou à conclusão que deveria assumir o controle das plantações de acácias, fundando a Tiwi Plantations Corporation Trust (TPC) para gerenciar as plantações em nome dos proprietários de terras tradicionais.
Novo acordo
Em 2011, o Fundo para as Terras Aborígenes de Tiwi concedeu uma licença exclusiva à TPC para administrar a silvicultura, a colheita, a exportação e o marketing das fibras de madeira. Para cumprir com esse acordo, a TPC fez uma parceria com a Plantation Management Partners Pty Ltd (PMP), que desenvolveu e gerencia todas as operações, incluindo a colheita, o transporte e também a unidade de exportações de cavacos do porto de Melville. Sediada em Darwin, a PMP se concentrou no mercado do sudeste asiático e é uma das maiores empresas de gestão florestal na região.
Quinten Pope, gerente regional da PMP, observando um
bloco de corte.
Simultaneamente a todos esses desenvolvimentos, o povo Tiwi, com ajuda da PMP, também atraiu investimentos de terceiros para reconstruir o cais. O cais, construído originalmente pela Great Southern Group, sofreu danos significativos em 2007. As novas instalações construídas no porto de Melville também abrigam um depósito de combustíveis e um moderno alojamento estilo acampamento para os trabalhadores. A posição geográfica favorável do porto de águas profundas fornece grandes vantagens em relação a outros portos no sul da Austrália para a exportação de cavacos para a Ásia. Além disso, o porto também tem o potencial para servir outros clientes ou setores econômicos no norte da Austrália, inclusive as indústrias petrolíferas e de gás.
No início de 2014, a TPC, o Fundo para as Terras Aborígenes de Tiwi e a PMP assinaram um memorando de entendimento no qual se comprometem à compra e venda de até 400.000 toneladas de estilhas de madeira anualmente, durante um período de 5 anos. Com um porto e um mercado no local, o próximo passo para a PMP foi avaliar o equipamento de colheita, as trituradeiras de madeira e a capacidade de transporte que a TPC precisaria para produzir e entregar o volume anual solicitado para o porto de Melville. O terreno plano mostrou-se adequado ao uso dos feller bunchers do tipo dirigir até a árvore. Então, a PMP e a TPC rapidamente perceberam que um feller buncher e um skidder, combinados com uma trituradeira em campo, formariam o sistema perfeito.
A operação
O gerente regional da PMP, Quinten Pope, esteve na ilha Melville por nove anos. Ele explica que uma das maiores questões foi equipar as máquinas com cabeçotes de disco ou tesouras. Um grande número de critérios levou à conclusão de que as tesouras seriam decididamente a melhor escolha.
A superfície da água parece ótima, mas o que se esconde abaixo dela são tubarões e crocodilos de água salgada.
Em primeiro lugar, só existem dois tipos de clima nas ilhas Tiwi: 32°C com sol ou 32°C com chuva. A prolongada estação seca de 6 meses aumenta significativamente o risco de incêndios, especialmente quando um pedaço grande de aço circula pelas redondezas a uma alta velocidade, atingindo
as rochas. Um ponto para as tesouras. A tesoura pode efetivamente cortar muito mais rente ao solo do que um cabeçote de disco, já que não é tão suscetível ao desgaste ocasionado pelo solo abrasivo e pelas rochas, sendo assim, a recuperação das fibras é maior e os tocos são mais baixos. Isso reduz a tração e o desgaste dos pneus dos skidders e dos operários. As trilhas para os skidders não são necessárias e o operário pode pegar a rota mais direta para chegar ao campo. Mais pontos para a tesoura.
“Uma avaliação financeira e de riscos nos levou à tesoura e à Tigercat”,” explica Quinten. “Fomos à Austrália Ocidental e observamos as serras e tesouras sendo usadas na plantação de eucaliptos. Elas pareciam bem adequadas. Nós nos preocupamos um pouco sobre a duração dos ciclos de corte, mas isso não resultou em problema algum. Geralmente, o buncher pode ficar na frente do skidder e da trituradeira de madeira, e o sistema todo de colheita fica em frente aos caminhões.”” Como a operação é remota, qualquer coisa que reduza a manutenção, a complexidade e a possibilidade de paralisação do procedimento é uma enorme vantagem. Os cabeçotes de tesoura da Tigercat são bastante vantajosos a longo prazo e requerem pouca manutenção.
Há então as serpentes, formigas e aranhas.
Apesar de a forma das raízes da acácia estar longe de ser considerada ideal, os operadores do feller buncher são capazes de acumular grandes feixes de troncos e estão conseguindo uma boa produção.
No final, a PMP e a TPC decidiram por dois sistemas idênticos compostos por um feller buncher 724E com uma tesoura da série 2000 e um skidder 630D alimentando uma podadora/trituradeira descascadora Peterson 5000H. Seis caminhões de carga servem de apoio para os dois sistemas de corte, e a distância média da plantação até o porto é 41 km.
A operação florestal inteira incluindo operários, manutenção, suporte e funcionários administrativos emprega aproximadamente 50 pessoas, das quais a metade são Tiwi, incluindo a maioria dos motoristas de caminhão, um operador da carregadeira e alguns funcionários do workshop. Por ser uma nova operação, muitos operários fizeram um rodízio de máquinas para treinamento e avaliação.
A forma e o tamanho das peças se apresentam como desafios para o sistema de colheita, mas os operadores de feller bunchers podem acumular grandes feixes de madeira. Brett Crawford, operador do 724E, está satisfeito tanto com o desempenho quanto com a segurança da máquina e disse: ““Ele é à prova de balas”.” Os skidders alternam entre transportes em distâncias curtas e longas para manter o ritmo da trituradeira, arrastando por volta de quatro toneladas de madeira por vez. Totalizando mais de 700 km, a rede bem desenvolvida de pistas dentro das plantações praticamente garante que a distância máxima de arraste seja de 400 m.
O calor e a poeira são impiedosos. Os operários trabalham com os faróis das máquinas acesos, mesmo em plena luz do dia. Você pode notar a ausência de tocos em primeiro plano. As tesouras cortam as árvores quase de forma alinhada ao chão, de modo que os operadores dos skidders não tenham restrições e possam ter acesso livre e direto à trituradeira na beira da estrada.
A maioria dos desafios que PMP e TPC encaram são diretamente relacionados ao meio ambiente tropical único da ilha. Como não há praticamente precipitação alguma durante a maior parte da estação de colheita, a quantidade de poeira nos blocos de colheita é extremamente alta. Quando a chuva chega, trazendo uma precipitação de mais de 2000 mm durante a estação chuvosa que dura de novembro a maio, ela pode parar toda a operação. “Agora que produzimos o suficiente para dois navios, estamos começando a ter uma boa percepção dos custos de produção e a ver alguns ótimos resultados, com várias melhorias importantes que chegaram assim que começamos a aumentar os ativos da empresa”, diz Quinten.
Brett Crawford, operador do 724E, está satisfeito tanto com o desempenho
quanto com a segurança da máquina e disse: ““Ele é à prova de balas”.”
As primeiras remessas de cavacos foram satisfatoriamente descarregadas do navio Daio Papyrus no final de novembro, com um segundo barco planejado para carregamento no dia 11 de fevereiro. “Acredito que realizamos um bom carregamento, levando em consideração que era um serviço novo, com novos funcionários”, afirma Quinten. “Foi uma verdadeira curva de aprendizado e realmente mostrou a alta qualidade das pessoas que trabalham conosco neste projeto”. O processo de carregamento levou seis dias e meio no total, pois Quinten e a equipe estavam comissionando o equipamento de carregamento do navio. “Choveu muito por alguns dias durante os turnos diurnos, e estava muito quente e úmido”, adiciona Quinten.
Os transportadores, empregados na triagem e no armazenamento, são reutilizados durante o carregamento para mover os cavacos entre o funil e o navio.
A PMP e a TPC desenvolveram um sistema inovador para reutilizar temporariamente os transportadores que, em vez de serem utilizados no processo de triagem e empilhamento, são usados para mover os cavacos de madeira entre o funil e o barco. Quinten estava bastante satisfeito com este aspecto do sistema. “O nosso sistema de carga dos transportadores funcionou extremamente bem desde o funil até o carregador do barco. Identificamos alguns problemas no comissionamento e já fizemos mudanças significativas na parte de engenharia que garantirá que o tempo de carregamento será menor na próxima vez. É uma forma muito eficiente de investir capital”. O povo Tiwi está agora ocupado, preparando-se para restabelecer a área de plantação para a segunda rotação.